Rede observatório. Recursos Humanos em Saúde

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Entrevistas

Alberto Pellegrini Filho

Alberto Pellegrini nasceu na cidade de São Paulo em 18 de abril de 1944. Recém concluído o ensino secundário, Pellegrini ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo no ano de 1963, diplomando-se no mesmo curso em 1968. Ele iniciou sua residência médica no Departamento de Neuropsiquiatria (Divisão de Neurologia) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, onde concluiu a residência em 1977.

Personagem ativo na vida política e acadêmica da Faculdade, Pellegrini acompanhou tanto o movimento estudantil, em pleno período de ditadura política do regime militar dos anos 1960, como também estabeleceu contato com as Semanas de Estudos sobre Saúde Comunitária (SESACs), apoiadas pelo movimento estudantil daquele período. As SESACs foram palco de discussão de temas da área de saúde que se colocavam na agenda das elites médicas nacionais e continentais daquela época. Ali, por exemplo, foi forte o debate acerca da necessidade de elaboração de programas de extensão de cobertura, baseados na experiência da medicina comunitária. Pauta que se encontrava também em sintonia com as propostas do Plano Decenal de Saúde Pública da Aliança para o Progresso para todo o continente.

Sua vida profissional teve início com suas atividades como professor-assistente no Departamento de Neurologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) no ano de 1971. No mesmo departamento, ocupou a cadeira de assistente-doutor, após ter concluído o Doutorado em Ciências pela UNICAMP, em agosto de 1976, com a tese “Contribuição ao estudo da crotamina no músculo esquelético”, aprovada com o grau máximo de distinção e com louvor unânime da comissão julgadora.

Após o término da Residência Médica obteve aprovação em três cursos públicos: em 1978 pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/FIOCRUZ) para o cargo de pesquisador-adjunto, função que se encontra até hoje licenciado; em 1979 foi aprovado para o cargo de Professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais; em 1986 foi selecionado, por concurso, para o cargo de Consultor Regional da Organização Panamericana da Saúde (OPAS) em Ciência e Tecnologia em Saúde com sede em Washington.

 

Em sua inserção na Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), coordenou durante um ano, a partir de janeiro de 1977, o projeto de investigação “Medicina de Comunidade” do Programa de Estudos Sócio-econômicos de Saúde (PESES). A partir de sua experiência no PESES, o médico foi consultor da Secretaria Técnica do Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS) do Ministério da Saúde e ainda prestou assessoria ao Ministro da Previdência e Assistência Social (MPAS).

Sua formação acadêmica e experiências profissionais, especialmente voltadas para questões relativas à ciência e à tecnologia em saúde, o levaram ao Programa de Desenvolvimento de Recursos Humanos para a Saúde no Brasil (PDRHS), este descendente direto do Programa de Preparação Estratégica de Pessoal de Saúde (PPREPS), decorrente da cooperação técnica em formação de Recursos Humanos em saúde acordada entre a OPAS e os Ministérios da Saúde e da Educação no ano de 1975. O ingresso de Pellegrini no Grupo Assessor Principal (GAP), no início dos anos 1980, quando o então coordenador do PPREPS, Carlyle Guerra de Macedo assume a direção da Organização Pan-americana da Saúde (1983), marca justamente uma ampliação das propostas e pretensões da cooperação técnica estabelecida em meados dos anos 1970. Nesse segundo momento, por exemplo, Pellegrini foi personagem decisivo para a elaboração do Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde (PREV-Saúde), passo importante de discussão não apenas da necessidade de ampliação dos serviços de saúde nas periferias urbanas, mas também de discussão da relação entre os serviços de saúde públicos e privados, então em fase de ampla expansão.

O PREV-Saúde foi um programa coordenado por vários ministérios, via uma comissão de coordenação, e a Organização Pan-americana da Saúde. Sua pretensão foi, além da ampliação do acesso aos serviços de saúde, também a formação de pessoal de nível médio e auxiliar, pauta que se alinhava a outros projetos desenvolvidos no quadro da cooperação técnica Opas-Brasil, como foi o caso do chamado Projeto Larga Escala, coordenado pela enfermeira Izabel dos Santos. Desta forma, a partir do início dos anos 1980, percebemos uma importante ampliação dos objetivos da atuação do grupo técnico organizado pela OPAS em conjunto com o governo brasileiro, no quadro da cooperação técnica entre o país e a Organização. É neste novo cenário da cooperação técnica que se deu a inserção do médico paulista nos trabalhos do GAP.

 

Pellegrini participou ainda da organização da VIII Conferência Nacional de Saúde, realizada em Brasília em março de 1986. Esta conferência, emblemática no quadro do movimento sanitário brasileiro, teve como pauta de discussão a reorganização do sistema nacional de saúde, tema que alimentou decisivamente a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), legitimado na Carta Constitucional de 1988.

Sua experiência internacional se deu a partir de 1974, quando por curto período serviu como consultor da OPAS em vários países latino-americanos. Sua inserção de forma mais permanente na Organização se deu a partir de 1980, quando ingressa no grupo de trabalho do Programa de Desenvolvimento de Recursos Humanos para a Saúde no Brasil (PDRHS), onde, como dissemos, contribuiu decisivamente para o arranjo do PREV-Saúde. A partir de 1983, após contrato com a Organização das Nações Unidas (ONU) na área de Ciência e Tecnologia, Pellegrini atuou como Consultor Regional na mesma área na sede da Organização Pan-americana da Saúde em Washington de 1986 até 1989.

Sua vida acadêmica concentrou-se em cursos na área de Neurologia, Didática e Psicologia da Aprendizagem, Saúde Pública, Metodologia da Pesquisa e Aprendizagem, Saúde Pública, Metodologia da Pesquisa e Planejamento e Administração de Ciências e Tecnologia. Nesse terreno ministrou cursos e aulas nas áreas de Neurologia, Farmacologia do Sistema Nervoso, Saúde Pública, Medicina Social, Metodologia da Pesquisa e Planejamento de Ciências e Tecnologia.

Pellegrini publicou trabalhos no Brasil e no estrangeiro sobre estudos de patologias clínicas, medicina comunitária e questões sociais, residência médica, serviços de saúde, Saúde Coletiva, indicadores científicos-técnicos em saúde, atividades cientificas em saúde, tecnologia e conhecimento em saúde, políticas em saúde, cooperação técnica em saúde e vários artigos de investigação em saúde na América Latina.

O médico paulista foi ainda condecorado com duas distinções: o Prêmio Dr. Domingos Goulart de Faria, por ter obtido a média mais alta em disciplinas do curso médico entre os alunos da 51º turma da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e o Prêmio Fundação Rockefeller, por ter obtido a média mais alta nas cadeiras básicas do curso médico.

Atualmente Alberto Pellegrini é membro da Comissão responsável pelo capítulo de Ciências Médicas da Enciclopédia Virtual organizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (UNESCO) e é pesquisador licenciado da Escola Nacional de Saúde Pública/FIOCRUZ.

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